sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Apreciação do Tiago Sampaio - click aqui e conheça a cia do chapéu



Oi, Chalene e Schutze e LTDA...

Vou escrever logo antes que as sensações e impressões se tornem vagas em mim. Não tenho muito o que dizer. Gostei de ver o que vi. Adorei o exercício da Charlene. A relação dela com o celular, o texto, o lance com a fita adesiva, o favor de enxugar o suor dela... Enquanto ela estava realizando o kundalini (ou é kundaline?), enfim enquanto ela estava nesse momento, muitas imagens me passaram pela cabeça (ela fazendo sexo - quando ela enrolava a coluna; ela esperando o telefone tocar, como que esperando uma ligação - do namorado talvez; ela contando os quilos perdidos...). Viajei legal. Acho que depois que ela começa a circular pelo espaço já com a fita enrolada no corpo e transitando pelo planos alto, médio e baixo, meio que experimentando poses "sensuais" (se é que isso procede), isso poderia ser mais explorado, investir no exagero mesmo e depois cortar o que for excesso. Bom, isso se fizer sentido pra vocês o que eu digo. Gostei de verdade do experimento dela.

Do seu eu também gostei, porém de maneira diferente. Seu experimento ficou menos na questão de gostar e mais no que me despertou de imagens, de lembranças. Enquanto eu assisti me vieram à cabeça duas coisas: a primeira foi esse trecho aí em baixo, de uma novela do Caio, não sei porque, mas é um trecho que eu adoro e te ver metendo o dedo em todos seus buracos me fez lembrar dele de cara. E lembrei também (no momento que você engole a cueca) de um filme pornô que eu vi há muito tempo! kkkkkkkkkkkkk Era uma cena de dois caras transando e no fim um dos caras gozava na cueca e esfregava na cara do outro. Eu nem lembrava desse filme mais, mas de repente a imagem veio louca na cabeça!

Em termos de técnica ou coisa parecida não me atrevo a dizer nada, pois a proposta é bem inicial e além do mais os dois me pareceram bem conscientes de si e do seu propósito em seus respectivos exercícios. Lamentei não ver os outros dois, mas quero voltar no próximo ensaio. Me avisem quando for acontecer, ok?!

No mais, é isso. Gostei da experiência, e escrevo aqui puro instinto, as coisas que me passaram pela cabeça enquanto os assistia, sem querer entender muito, nem dirigir o que não é meu. Obrigado pelo convite, obrigado por valer à pena, obrigado pela pesquisa, pelo espaço... Obrigado! E merda!

E vamos nos falando...

Beijos!

Thiago


Pela Noite, novela de Caio Fernando Abreu.

"[...]- Amor não existe. É uma invenção capitalista;
- Isso é só uma frase.
- Eu não sei, pode ser.
- Mas se. Tudo bem. Suponhamos que os dois caras se gostem muito um do outro.
- O que já é difícil.
- Pode ser, mas. Suponhamos. Eu já vivi isso. E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro fo bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animas cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também. [...]"

Ensaio Público - relatório


O dia é de expectativa e tensão. O primeiro a chegar no espaço, ainda por volta de meio dia foi o Jau (Jailton Oliveira). Assim que ele me liga, percebo o tom de ansiedade e nervosismo, querendo dar conta de certos detalhes e de saber a que horas o grupo se encontraria, já que ele tinha perdido o encontro anterior. Encontramo-nos mais tarde às 14 horas e pudemos resolver com calma. O meu nervosismo chega ao ápice, por volta das 16 horas. O Jau, o Denis e eu já havíamos feito e refeito tudo o que podíamos, e até ali as meninas não davam sinal algum. É muito curioso perceber o quanto necessitamos do outro nessa hora, para nada, para saber que ele está ali, dividindo sensações. Por isso se torna irrelevante qualquer cobrança, ao mesmo tempo que inevitável: porque amamos. Procuro não aumentar o nível de nervosismo e evito conflitos, nessa hora eu adoro falar com a Mary, fumando um de seus Carltons: eu já tinha conflitos demais comigo mesmo. Organizamos as coisas nos pesamos e avaliamos nossas massas, descontraindo nas graças e no charme da Charlene, e na sempre prestativa presença do Jau. Rimos e tomamos coca-cola com guloseimas que a Renata trouxe pra gente.

As primeiras pessoas a chegar, o Udson e a Beny, ficam lá fora conversando com a Mary. Aos poucos um grupo bem falante vai se juntando ao público (eu não sei o que fazer com meus nervosismos, mas a Fernanda Montenegro também é assim: que alívio!)

E andam pela casa, conhecem os espaços, conversam entre si e com os performes... A Mary já está linda e fumada para fazer suas vezes de Mestra de Cerimônia. Com um atraso de meia hora a última a chegar é a Gal (Glaucia Machado), sempre atenta ao que rola nas artes, e sempre de cabeça e cabeleira prontíssima.

A cerimônia começa.
É a vez de Falsa Magrela dizer, no silêncio embalado pelos ventiladores e o murmúrio que vem de fora. Em aproximadamente 20 minutos Charlene dá o seu recado. Não foi o seu melhor momento. O público intimidou um pouco sua performance, já nos divertimos de rolar com as mungangas dessa doida. Mas de qualquer forma o recado foi dado a contento. Mais tarde nas conversas, a Mana (Nadja Rocha) vai cobrar exatamente o que a gente sentiu em outros ensaios: um tom cômico, ridículo, ou bufão como lembrou o Atton Macário. Sem dúvida o público presente se identifica com o trabalho, a Bárbara disse isso depois das conversas, já lá fora: todo mundo passa por um momento de incerteza com a imagem pessoal. E a discussão sobre Falsa Magrela foi bastante fervida, com a Gláucia discordando da Mana quase sempre, e cada um colocando em cheque as questões que a performance levanta.

Depois da Charlene eu me apresentei: Caio: procedimento de rotina. É difícil aqui fazer uma apreciação desse momento, eu prefiro ficar com a impressão que o público me passou: foi o Atton que insistiu que se falasse sobre o Caio, num gesto bem enfático e insistente. Ele, frisando que se tratava de uma pesquisa dentro da subjetividade do performer, sentiu que o primeiro momento, quando eu falo uma série de palavrões enquanto tiro e visto a roupa até ficar complemente nu, denunciava a dúvida e a angústia adolescente diante da constatação da homossexualidade. Agora, comer cueca, mermão!!? Entre outras coisas a Isabelle (Pita) lembrou o choque que esse momento transmite ao público, e o alívio catártico que ele provoca. A Vivi (Viviane de que, amiga?)se sentiu até mais inteligente, por poder construir uma ficção inteligível da seqüência de ações que eu desencadeei. O Udson Pinheiro achou que não se trata simplesmente das questões em torno da homossexualidade, mas da sexualidade de um modo mais amplo, é claro que o posicionamento passivo é enfatizado nessa necessidade de absorver o outro. A Mana achou inteligente as escolhas das ações e vê nisso uma coerência com o próprio Caio Fernando Abreu. A Beny (qual é o seu nome, amiga?)que já tinha falado do peso que as ações das performances apresentadas até ali, lembrou que nada precisa ser leve, ou alegre, ou cômico.

Intervalo: agora sim, consigo até respirar. To calmo. O Tiago teve que sair, mas prometeu uma apreciação.

É a vez de Urucungo: Denis. A Gláucia, que curtiu muito a cena, recomenda um investimento na ação improvisada. A Beny lembrou que os significados propostos pelos objetos precisam gerar uma melodia de ações, uma partitura que quebre com a monotonia da performance. A Mana concorda com essa afirmação e insiste que mesmo improvisada a ação precisa de segurança, de desenho claro.

Depois do Denis, o Jau inicia sua Memórias (ou lembranças?) da Pele. Recebida com certo deleite pelo público, que viu no tom poético e simples do trabalho um alívio às primeiras seções. O corpo grande e o pequeno feixe de luz, a luz que ao mesmo tempo revela e esconde as marcas da pele, a existência real desse dado: a pele realmente guarda memórias do corpo. A Isabelle que é também (não sabia?) massoterapeuta, lembrou que a pele é o cérebro exposto, nela se acumulam sensações, lembranças e traumas que a massagem pode reverter.

Tem muita coisa que o meu cérebro, nos seus limites de pele antiga, já não pode mais lembrar, e se faltou algo, por favor me avise. Graças a Deus tem um vídeo gravado com todas as colocações da platéia, que vou rever mais tarde. Obrigado minha mãe Tecnologia Acessível! Arayeie Tic Click powk zim!!!

Mas obrigado mesmo a todos vocês que participaram conosco desse importante momento de nossas artes e nossas vidas. Contem conosco!

Obrigado também ao pessoal do Centro de Estudos e Pesquisas Afro Alagoano Quilombo, do qual também faço parte, que além de serem lindos, ativíssimos e legais, nos apóiam totalmente em nossas mungangas, mesmo que ainda a gente não tenha pago nossa contribuição.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ensaio público - HOJE


é HOJE que a cia.ltda. realiza o primeiro ensaio público do Projeto Registro Geral, com a apresentação dos trabalhos solos:

CHARLENE SADD, JORGE SCHUTZE, JAILTON OLIVEIRA e DENIVAN COSTA
links dos blogs acima a esquerda

sábado, 23 de janeiro de 2010

conheça a obra de Xoloti Polo



O artista é mexicano, vale uma visita e comentários.
http://www.xolotlpolo.com/

Imagem: Indiferência, 2009

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

relatorio-semana 18 - 22 de janeiro



Os processos solos se preparam para a apresentação dia 28.01.
Vimos os trabalhos de Charlene Jal e Jorge se desenvolverem e apresentarem algumas propostas bem acabadas de cenas.

Tivemos aulas com Jal(foto).

Pintamos o espaço de ensaio na sede do Quilombo. Na verdade com a grande (enorme) ajuda do Marron. O espaço ficou mais claro.

Tivemos a saída do Regis, na semana passada.

Apreciamos e criticamos as cenas apresentadas por Denis (Urucungo), que também vai se apresentar dia 28.01.

Interessante nesse ponto pra mim é observar como cada pessoa se destingue nas opções estéticas. Fazendo um paralelo entre Falsa Magrela, e Urucungo, por exemplo. O trabaho de Charlene apresenta uma leitura rústica, crua do ato de se fazer teatro, já o Urucungo (Denis) opta por uma cena mais ritual, onde a platéia é convidada a apreciar. Outro aspecto é de como o trabalho da Charlene se monta aos poucos, cena por cena, e o do Denis aparece como um grande painel do que deve ser explorado.

O trabalho do Jal (lembranças da pele) agora com apenas uma cena, vai se aprofundando em busca de formas precisas, entre a lanterna que ele joga no corpo, e o movimento do próprio corpo.

Caio, meu trabaho começa dar alguns sinais de existência. Três cenas fragmentadas, sem conecção uma com a outra, todas elas no entanto dignas de investigação.

jorge (coordenador)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Estudo coreográficoII 08.01.10

participação de Jal, Denis, e Regis

ensaio aberto. 28.jan.2010

a cia.ltda se prepara para receber os convidados para o primeiro ensaio público do PROJETO REGISTRO GERAL
Estaremos apresentando o processo dos trabalhos:

Falsa Magrela - da Chau
Mémorias da Pele - do Jau
Caio - do Jorge
e Urucungo, do Denis.




Infelizmente o tamanho do nosso espaço não comporta um grande número de pessoas, porisso estamos reservando os convites a alguns amigos. Depois das apresentações a gente abre para um bate-papo. A ideia é permitir a interação do público ao processo de construção dos solos, tirar a idéia de arte enquanto produto acabado, além de possibilitar à criação artística um contato necessário com o público durante sua construção.
Caso voce esteja interessado em participar entre em contato conosco.

É SUPER IMPORTANTE QUE SE FAÇA A CONFIRMAÇÃO DA PRESENÇA!!!!

oi meu povo!!!

Bem vindos às pesquisas da cia.ltda.
Siga nossos links aí do lado esquerdo para conhecer um pouco mais dos trabalhos da nossa galera.