Mostra Profissional - Despacho
Determinado ao contato direto com o público, lá se vai o artista com sua dança. Oferece uns passos. O gari recursa. Diz que está trabalhando. Estaria o artista simplesmente fazendo o que? Qual o lugar da dança no cotidiano? Quem faz arte faz por diletantismo, vocação, desprendimento ou efetiva opção profissional? Indagações no espaço público, em meio aos passos coreografados, na problematização da produção, circulação e acesso à dança contemporânea.
http://www.uberlandia.mg.gov.br/?pagina=secretariasOrgaos&s=23&pg=1169
Um pacto de possibilidades, desejos e intenções moveram a ação do bailarino Jorge Luiz Schutze em Despacho, apresentado terça-feira à tarde, na Praça Tubal Vilela, na programação da Mostra Profissional do Festival do Triângulo.
foto: Ricardo Alvarenga |
Schutze se propõe a encontros. Com os que também querem se encontrar. Indagando possibilidades de construções de afeto, parcerias, cumplicidades, faz de suas saídas a campo uma volta ao sabor das relações humanas. Por isso, dança entre colunas, no chão, no vão do banco da praça, diante do pipoqueiro, no ponto de ônibus. E sabe movimentar-se entre o espanto, o espalhafato e a especial acolhida de uns poucos.
Depositando intenções em cada passo, Despacho oferece delicadeza e singeleza. Dança ao sabor do inusitado, tentando dar novos sentidos a cada sequência de sua arte. O apelo à oferenda faz do gesto do criador um repositório, um altar de pequenas epifanias dançadas.
*Carlinhos Santos é jornalista e crítico de dança, especialista em Corpo e Cultura, Ensino e Criação, e mestrando em dança pela Universidade de Caxias do Sul (RS), com o projeto Corpo, Dança e Educação – Mediações Epistemológicas.
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