quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Texto da Susana Souto para a primeira vernissage


            Movimento/deslocamento/multiplicidade


(Texto apresentado no dia 08 de junho de 2012, como parte do evento promovido pelo Domínio Público, Funarte/MinC/Prêmio Funarte de Dança Klauss Viana 2011)

susana souto
Susana Souto foto João Evangelista

Agradeço ao público, que veio ocupar de outros modos a praça nossa de cada dia. Agradeço ao Grupo Cia. Limitada pelo convite, especialmente a Jorge Schutze, um amigo e parceiro do Poéticas Interartes, assim como Eliana Kefalás, com quem partilho esta mesa, duas pessoas que me instigam a pensar (de) outros lugares. É um prazer ainda poder participar de um evento relacionado aos escassos projetos do Ministério da Cultura hoje. Acrescente-se a essas alegrias uma última, a de este projeto ser parte do Prêmio Klauss Viana, uma pessoa raríssima, inquieta, inventiva, que ampliou as noções de dança, e arte, no Brasil.
Vi os vídeos com olhos livres da obrigação de avaliar (como está escrito no convite/programação). De todas as palavras ali grafadas, retive debater, questionar, pensar os desdobramentos da arte contemporânea, do que fazemos nos espaços que habitamos. Vou tecer os meus questionamentos com fios de dois pensadores que me desafiam a pensar os vínculos complexos entre arte e cidade: Massimo Canevacci, um italiano que viveu em vários lugares, inclusive no Brasil, e sua noção de culturas eXtremas (Massimo esteve em Maceió em 2011, quando lançou pela editora da Ufal Fake in China) e Nicolas Bourriaud, a partir de sua noção de estética relacional. Um outro autor que entra em meu repertório é Nicolau Sevcenko (2000), que pensa a cidade como um “mosaico movediço”. Assim também vejo essas produções de performances e vídeos, como mosaicos movediços, peças que encenam a impossibilidade de pensar a cidade de Maceió como uma totalidade a ser refeita, peças que deslocam imagens de cidade, de arte, de dança, de público, palco, vídeo, performance, de crítica..
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Para apreender a cidade como “mosaico movediço”, o projeto também se fez desse modo, transitando por vários espaços, do cartão postal da praia paradisíaca, onde ouvimos a Sinfonia para pombos; passando pelos centros comerciais, em que trocas e trânsitos falam de uma mata que existe embaixo do duro asfalto, e que os pés do dançarino tentam redesenhar/redescobrir cobrindo-o com o barro trazido de outra mata, de outro lugar; andando/dançando pela praça, de conversar, de descansar, de esperar ônibus, praça/palco do dançarino que assume uma livre iniciativa despida do sentido de gerar lucro, em uma dança com bancos e ônibus; chegando até os lugares de impasse do acesso à moradia, do direito á cidade, á cidadania, como a comunidade de pescadores em Jaraguá, à margem do porto, que descobre/inventa modos de compor paisagens, dando outros usos aos materiais descartados, atuando no par que deixa de ser opositor, lixo/luxo, no vídeo InRisco.
A praia, espaço de contradições, figura de modo emblemático em dois vídeos, no primeiro e no último, atuando, parece-me – para quem organizou a sequência de apresentação deles na praça hoje – como moldura a partir da qual podemos pensar esse lugar chamado Maceió, absurdo, lindo e insuportável, cheio de possibilidades e de impasses.
Vejo os vídeos e sou lançada em um conjunto de interrogações, tais como “o que é arte?”, que se desdobra em outras menos ontológicas, como “quando arte?”, “para quem arte?”, “por que arte?”. Não estamos mais no lugar em que cabe à obra (a própria noção de obra é questionável) oferecer-se como fuga ou refúgio da dor, do desagradável, do informe, dando-nos uma ilusão de harmonia, de paraíso restaurado e restaurador, que aponta para um futuro de redenção, seja religioso, seja político. A unidade desfeita não será reconstruída, ou melhor, não é em nome dessa reconstrução que os trabalhos aqui se fazem, penso. Eles não desistem do presente em nome de um futuro a ser ainda criado, ou em busca de um passado a ser restaurado. Antes, eles mergulham no presente vivo e inacabado, para refletir sobre esse lugar que habitamos e que nos habita.

Multinarrativas no pluriverso


O título acima foi decalcado do livro Culturas eXtremas de Massimo Canevacci, alguém que pensa contra a noção de uma identidade fixa e propõe um olhar em trânsito por uma cidade em contínua transformação, marcada pelo ritmo do instável, do inconcluso, em que artes e tecnologias de registro e produção de sons e imagens (principalmente) desviam o curso do tempo e do espaço, bem como as noções de trabalho, de sujeito, de território: “eXtremo é o código que dança: é possível realizar o colapso dos símbolos não mais sob o signo de uma catástrofe de época, mas, ao contrário, brincando contra seu poder totalizante e reunificador, pelo qual o significante é obrigado a arrastar consigo, sempre e de qualquer maneira, seu significado, e ali se aquietar sem mais distinções ou separações” (2005, p. 55). Contra a noção de Universo com U maiúsculo, miragem do uno, da totalidade, da harmonia, propõe o Pluriverso, multiplicidade, contradição, diversidade. Contra a organização de uma narrativa em que personagens definidos teriam papeis previstos, numa dinâmica da sucessividade conduzida por causas relacionadas invariavelmente aos seus efeitos, propõe a imagem de multinarrativas que se cruzam, fiam e des(a)fiam o viver contraditório, inacabado. Nessa perspectiva, a contemporaneidade é vista como uma narrativa múltipla que nos tira –  a nós, pesquisadores, público, artistas, que ocupamos esses lugares, às vezes, simultaneamente – (d)os pontos fixos. Somos lançados no movimento do jogo, que pode ser a performance, o vídeo, o debate, com o qual hoje pretendo contribuir. Quando alguém diz “isso é arte”, pede que eu pare e interpele o objeto ou a cena (por falta de termo melhor) que está sendo apontado/a como arte e, então, começa o jogo. Entro no jogo, mas em um jogo em que não há ganhadores e perdedores, um jogo sem fim e sem finalidade, como nos diz Duchamp citado por Bourriaud (2009): “A arte é um jogo entre todos os homens de todas as épocas”. Jogar esse jogo, portanto, é saber que o tempo chamado presente é feito de cruzamentos de outros tempos, de referências cifradas que não conseguiremos decifrar, apenas perceber em lampejos, em “encontros fortuitos” (Bourriaud, 2009). Assim, passo agora a jogar para vocês algumas coisas apreendidas nesses vídeos elaborados pela Cia. Limitada para o projeto Domínio Público. São algumas impressões, várias questões.

Sinfonia para pombos

De novo e sempre a praia: moldura da cidade, moldura da sequência de vídeos. A primeira imagem de Maceió, a que ficou gravada, a mais reproduzida, a que retemos e desejamos da “cidade  paraíso das águas”.
A performer, muitas vezes, em primeiro plano, interpela o estereótipo do cartão postal e é interpelada por ele. Alimenta pombos, que compõem a cena e ensinam passos de dança e leveza de movimentos, voo, ora um deslocar-se trôpego pela areia. Essa postura irônica parece também orientar a escolha do figurino, em sua simbologia imediata: branco/paz; azul/mar.
O tempo do vídeo se dilata, repete o movimento também repetido dos pombos: diálogo com imagens e sons replicados à exaustão; o tempo e a repetição falam dessa exaustão? O corpo de quem assiste/ouve sentado, em uma cadeira, ou em pé, na praça, é também desafiado por esse tempo?
Cria-se uma barreira sonora com Beethoven. Não há outros sons além dos da 3ª. e 9ª. Sinfonia do compositor alemão, usadas com frequência em filmes, vídeos, peças teatrais, peças publicitárias. As sinfonias, anunciadas pelo título, parecem falar do desejo de que sons perfeitos, moldados pelos ouvidos delicados de um humano raríssimo, nos protejam dos sons incômodos do dia a dia. A reconstrução do paraíso parece também reflexão irônica do cartão postal, que metonimicamente criaria a paisagem dos sonhos, a cidade dos sonhos dos que habitam a praia temporariamente (os turistas), dos que a habitam eventualmente (os que aqui moram e usufruem da praia como diversão), dos que a ocupam obrigatoriamente (os que nela trabalham), todos habitantes passageiros dessa sinfonia, em que a cor do mar é duplicada pelo azul intenso do tecido lançado na areia – que demarca território assim como o trajeto circular do carrinho – criando uma ilha de tranquilidade. O azul replica o mar, como se vê na cena de abertura, em que a metáfora se constroi quando as imagens (tecido e mar) se fundem. O tecido, feito por mãos humanas, indica outro espaço, os modos de habitar temporariamente a praia. O ritmo lento da contemplação da natureza, do convívio com os pombos, da audição da música erudita, é questionado no final do vídeo, em que há uma aceleração de imagens desconstruídas e reconstruídas, similar a um acordar do sonho, indicando talvez o desvanecimento desse paraíso desejado, que agora se (re)insere na cena cotidiana, da urgência, da pressa. Talvez permaneçam vestígios da passagem da performer na paisagem visual, sonora, tátil, que ela abandona.

Livre Iniciativa


Como se faz a dança nossa de cada dia? Que palco praça é esse, parte do corpo da cidade que meu corpo ocupa e transforma?
Qual a relação possível entre essa praça e o palco do teatro consagrado às artes consagradas, como o balé clássico, que o performer evoca com seus movimentos que remetem ao que foi mil vezes repetido? O performer transforma tudo que poderia ser obstáculo a sua dança em parceiro dessa dança, se há um banco, ele dança com ele, assim como as pessoas que ali andam ou param para conversar ou apenas para olhar o dia que passa.  Dança com ônibus escolar, dança com os ferros que limitam os espaços, com armações à espera de complemento. Tudo está em  movimento, a cidade dança.
Esse corpo que dança com bancos e ônibus pede, no final do “espetáculo”, que as pessoas o risquem e se arrisquem a registrar uma avaliação. A caneta, então, dança na mão e no corpo, em braços, barriga, pernas. Há uma recorrência do 9, que me fez pensar na impossibilidade de perfeição, no inacabamento, é muito bom, 9, mas não é perfeito, 10,0 (que também aparece, mas não é o mais frequente), me lembrou a dificuldade extrema de avaliar (as pessoas vacilam, relutam, recusam até, por vezes, esse lugar). Há uma  fala registrada de um homem que está na praça: “é arte brasileira, arte alagoana, vocês são analfabetos”. Nessa fala, alguém se inclui no domínio público, e diz: é arte alagoana, é arte minha, é arte sua, você precisa aprender a ler essa arte. Há ainda um questionamento dos limites entre público e privado. O performer sai da praça, pula para a calçada, traz para o corpo do vídeo as escritas urbanas. Brinca/dança/joga com a loja “Móveis e cia.” (mobilidade à venda) o corpo que se move, os móveis, vendidos, a loja, a calçada (o limiar). As pessoas são surpreendidas (isso é visível em olhares e gestos), elas dançam naquela praça, que dança com elas e para elas.

 

In Risco


Os riscos da cidade nos levam a pensar o seu traçado, a sua contínua trama, seus mais comoventes dramas, rompendo os limites entre o que pode a cidade que não vemos no cartão postal, mas que está ali, viva, pulsante, animada. Somos ainda levados a refletir sobre os riscos de habitá-la, de reinventá-la. O vídeo desenha a fragilidade dos barracos em contraste com a solidez do porto: passagem, comércio, viagem, negócios, férias, luxo pouco acessível, apesar de próximo, espaço de fundação da cidade. O porto em torno do qual a cidade cresceu e que fala da relação do Brasil com o que não é Brasil. O porto (centro de muitas cidades brasileiras) nos lembra de uma ocupação exploratória, que retirava as riquezas para transferi-la para a Europa. O porto remete ao desejo de sair, das chegadas e partidas, do navio negreiro que aportava, dos navios carregados de açúcar, de borracha (do Norte), de pedras preciosas, de café, de trânsitos, de movimentos...
Os sons da cidade traçam percursos distintos pelos vídeos apresentados, que ora os incorporam, em seu estridente soar, em praças e no centro; ora ouvem os que a natureza oferta, como na cena final de InRisco, em que ouvimos apenas o barulho do mar, margem e moldura de uma parte grande da cidade, margem da alegria, desejo de beleza, de festa, de paz. A diversão é também referida pelos nos minutos iniciais desse vídeo, nos quais os sons de jogos eletrônicos trazem à cena os ritmos criados a partir do contato com máquinas de jogar, de brincar.
Há ainda um significativo apagamento da autoria, com  a participação de todos que estão na cena, bem como um deslocamento da noção de suportes tradicionais para o desenho, similar ao que fazem os artistas urbanos que transformam muros e prédios em espaços de criação/ocupação/reivindicação do direito à cidade e à criação.
Trata-se, diferentemente dos outros, de um vídeo, não de uma performance filmada. Brincadeira maior com a linguagem do vídeo, só como vídeo, a partir do registro, pode existir essa peça, na qual o tempo inteiro é tecida a tensão lixo/luxo.

D de Desejo

Este vídeo nos lança em um redemoinho de imagens: corpo (des)construído, montagem do corpo, vestir o corpo X despir o corpo, contato/interação, consumir o corpo (daí o carrinho de supermercado). Há ainda um trabalho interessante de questionamento do espaço público em sua difícil relação com o universo privado. Como se ocupa a praça? As cores das peças de roupas falam-nos de um desejo de alegria e dos ditames de um corpo/perfeição, bem como das imagens do palhaço. O performer interpela a homofobia e também nos faz refletir sobre as relações entre o “público” e o “artista”, pois convida aqueles que estão ali na praça a entrar na narrativa, a agir segundo normas, pedidos, comandos.
D de Desejo destaca como trilha os sons do carrinho de compras em atrito com a rua, há também sons vindos de várias partes, não há conversa, ouvem-se vozes no final, mas são falas pouco audíveis como sentido, fragmentos de conversas, na paisagem também fragmentada da cidade. O corpo em (des)construção atravessa esses sons e é por eles atravessado. O carrinho de compras remete aos mil modos de transformar o corpo em mercadora na sociedade de consumo, na qual consumimos e somos consumidos.
Nessa peça comovente, o ator se expõe ao olhar inquisidor do outro e o convida a compor seu corpo, lembrando-nos de que ele não existe isoladamente, ele é formado por todos que o olham, que o tocam, que o ouvem, próximos, distantes. O desejo de partilhar com o outro a feitura do seu corpo em praça pública cria zonas de atrito que podem ser desencadeadas pela homofobia ou pelo estranhamento que provoca. Há ainda uma inventiva incorporação das escritas urbanas que cercam a praça. Em uma placa lemos “Construnorte”, nome no qual ecoa a noção de construção/desconstrução do corpo que se processa na praça, conduzida pelo performer. Qual o norte dessa construção? Como fundo temos, no final, a voz de Jorge dialogando com o público e sons da rua, indicando que a vida prossegue em seu ritmo e a arte é parte dessa paisagem viva, não intervalo, evasão.

Mata redonda


Danças urbanas, como as criadas pelo hip hop são evocadas em Mata redonda, em que os pés desenham/escrevem o asfalto/tela/página da rua. Há sons de carros, motos, rádios, pedaços de conversas, risos. Surge, então, uma sucessão de imagens/perguntas:
Como se conecta o poroso da rua e o do barro?
O que o barro, trazido da mata pelo performer, evoca de uma narrativa de origem, mítica, na qual do barro teria sido feito o homem?
O que passa e o que permanece dos nossos trânsitos diários pelas ruas, praias, praças da cidade que nos habita?
Corpo escrito (título nas costas: “meus ombros suportam o mundo” – Drummond)
Como vejo, sinto, danço os pares: barro X asfalto; natureza X cultura, permeável X impermeável?
A rua é suporte do corpo dos que transitam, é caminho, é palco, é espaço lúdico recriado pela brincadeira do desenho/dança do performer, em que a ideia de escrita também se (re)faz, em movimentos de pés e mãos, acompanhados por sons  urbanos e por músicas escolhidas. Essa escrita dança no asfalto, em meio ao trânsito de pessoas e carros, transforma temporariamente a relação dos transeuntes com o conhecido (a rua de todo dia). Onde o palco? Quando o palco? Quando a arte? Onde a mata?

alguma conclusão


Escreveu Fernando Pessoa: “A única conclusão é morrer”. Concluir, portanto, seria matar a discussão. Este texto é um convite ao diálogo, se fez como peça para ser acrescentada ao mosaico movediço dos vídeos produzidos pelo projeto Domínio público. Não pretende explicar/avaliar/definir, apenas associar os vídeos a outros fios de textos outros, trançados em minha memória. Se faz muito longe de uma noção de arte em que o artista sabe o que seu trabalho significa e quer impor esse sentido ao público, e também muito longe de uma noção de crítico e pesquisador que sabe o que a obra quis dizer e os sentidos que ela pode (ou deve) gerar. Não mais uma identidade fixa, que separa artista, público, crítico, lugares estanques que autorizam falas controladoras do que não tem controle: o sentido. Ao contrário, este texto é parte de um diálogo, propõe possibilidades de apreensão do que foi visto/ouvido, o D do desejo de pensar e fazer pensar sobre algumas questões que me deixam sempre In Risco, sem resposta única para questões imensas sobre como a cidade me afeta? O que pode o artista e a arte com o corpo em trânsito pelos espaços previstos e também pelos inusitados? Como ressignificamos os lugares de passagem de todo dia? Como vivemos e suportamos as mazelas da cidade? Como vivemos e comemoramos as alegrias de habitar esta e não outra cidade? O que sonhamos, pensamos, desejamos para que esta cidade visível se aproxime da outra, da cidade invisível que se faz no meu desejo? Como entendemos e buscamos refazer ao menos um pouco do percurso de uma criatura incrível como Klauss Viana, que nos deixou um legado de possibilidades de modos de pensar o corpo, o tempo, o espaço?
Italo Calvino escreve um lindo livro chamado As cidades invisíveis. Desse texto, gostaria de reter a imagem de que a arte pode talvez tornar visível,  audível, tocável as mil cidades invisíveis que projetamos sobre a cidade que habitamos. Assim como fizeram esses vídeos comigo, espero que façam com muitxs. A partir dos vídeos, espero que muitxs aceitem o risco de entrar em uma mata redonda, de riscos que nos fazem perder o norte e encontrar sinfonias dissonantes de bichos e gentes partilhando espaços de desejos e iniciativas, livres e perigosas para os que circulam na cidade, na arte, nesse mundo de contrações irreconciliáveis. Para continuar esse debate, um poema de Angélica Freitas:
rito de passagem

agora que raspei a cabeça
não vou demorar nas esquinas
irritarei os velhinhos
assustarei as meninas
e os cachorros já latem antes de me avistar

os vizinhos na escada
pensam: coitada! que azar
perguntarão se eu peguei piolho
ou tive queda capilar.

tranco a porta e as janelas
deixo o mundo e seu bedelho
estranha a rua minha cabeça nua
me estranhará o espelho?

Referências:

BOURRIAUD, Nicolas. Estética relacional. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
CANEVACCI, Massimo. CANEVACCI, Massimo. Culturas eXtremas: mutações juvenis nos corpos das metrópoles.Tradução Alba Olmi. Rio de Janeiro:DP&A Editora, 2005.
CERTEAU, Michel de, GIARD, Luce & MAYOL, Pierre. Os fantasmas da cidade. In: A invenção do cotidiano 2: morar, cozinhar. Petrópolis: Vozes, 1997.
FREITAS, Angélica. Rilke shake. São Paulo: Sete Letras, 2008.
SEVCENKO, Nicolau. Pindorama revisitada: cultura e sociedade em tempos de virada. São Paulo: Peirópolis, 2000.

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